O Dia Internacional da Mulher visto por um homem simples e por uma mulher de garra

Nessas faltas de água de março peço a ajuda de Fátima Pacheco Jordão, socióloga e pesquisadora da FPJ (Fato, Pesquisa e Jornalismo), para contar um pouco da história desse dia tão falado. Vamos aos fatos:

A origem histórica do dia 8 de março se deu há 158 anos atrás quando, em 1857, 130 operárias americanas morreram queimadas após serem impedidas de sair de uma fábrica têxtil em Nova Iorque. A atitude dos patrões era uma represália ao movimento grevista das costureiras, que pleiteavam redução da jornada diária de trabalho. Naquela época, as mulheres não tinham voz – nem socialmente, nem politicamente. Eram discriminadas no trabalho, não tinham direito a voto e nem podiam participar dos espaços de representação política.

Dando seqüência aos fatos, em 1910 foi decidido em uma conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca comemorar esse dia como o “Dia Internacional da Mulher” em homenagem àquelas mulheres americanas mortas. Naquela ocasião as mulheres reivindicavam, além do direito de voto e de participação pública, o direito de trabalhar, de treinamento vocacional e do fim da discriminação no trabalho.

Desde 1975, em sinal de apreço pela luta das mulheres, as Nações Unidas decidiram consagrar também o dia 8 de março como o “Dia Internacional da Mulher”. Seria importante lembrar que aquela data histórica teve um grande impacto na legislação trabalhista americana e mundial e as péssimas condições de trabalho das mulheres sempre foram invocadas em todas as comemorações do “Dia Internacional da Mulher”. E essa luta continua até os dias de hoje.

No Brasil temos como marco das conquistas das mulheres a data de 24 de fevereiro de 1932, quando foi instituído o voto feminino. Desta forma, as mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no Executivo e Legislativo.

Na política brasileira o espaço ocupado pelas mulheres tem crescido bastante, mais ainda temos muitos desafios pela frente. Um dos principais é trazer para o mundo político a competência e a sensibilidade do trabalho feminino. Espero, cada vez mais, que consigamos superar as dificuldades conseqüentes do próprio gênero que, muitas vezes, ao impor obrigações maternas, reduzem o espaço de participação das mulheres na vida política.

As mulheres que colaboraram nessa conquista foram, entre tantas outras, Alice Tibiriça, uma mineira de Ouro Preto, que sugeriu ao presidente Getútio Vargas, em 1932 a criação do Dia das Mães e também trouxe as comemorações pelo Dia Internacional da Mulher ao Brasil em 1947. Outras foram Anita Garibaldi, Chiquinha Gonzaga, a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil, e Pagu, do Modernismo de 1922.

Temos muito que avançar e estabelecer igualdade de participação nos partidos e ampliar ainda mais a presença delas no Parlamento e na vida pública. Segundo o ranking do IPU na posição das mulheres brasileiras nos países da América Latina está em 18º lugar, atrás de países como Cuba, Chile, Paraguai, Colômbia e Uruguai. Torcemos para que a cultura de participação política brasileira das mulheres se consolide dia após dia, para que as lideranças femininas tornem-se, efetivamente, quadros políticos de relevância.

Espero que tenham gostado, homens e mulheres, leitores desse site, e que voltem sempre a nos prestigiar com sua visita.

Artigo publicado originalmente no site “Vivendocidade”, de Carlos Correa Filho (06/03/2015)

Autor: ematosinho

Eduardo Matosinho é economista e sociólogo com bacharelado pela Universidade de São Paulo (USP). Tem 59 anos e é casado com Luiza Maria da Silva Matosinho e com ela tem um filho de nome João Alexandre da Silva Matosinho. Trabalha atualmente na Galeria Pontes (https://www.galeriapontes.com.br/), onde já está há 17 anos.

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