Batalha do Jenipapo: importante luta pela independência do Brasil, no Piauí

Dia 13 de dezembro do ano que terminou viajei por vinte dias pelo Piauí e visitei o monumento dos heróis da Batalha do Jenipapo ocorrida em 13 de março de 1823. Confesso que me impressionei muito com a história viva que vi de parte desse nosso enorme Brasil e com o desconhecimento geral aqui no sul maravilha sobre esse importante acontecimento. Convido os leitores do “Vivendocidade” para mergulharem nessa história que escrevi em parceria com o professor de história piauiense Paulo Silva de Sousa.

Campo Maior, onde a batalha aconteceu próxima ao Riacho Jenipapo, fica a 84 km da capital do Piauí (Teresina) e caracteriza-se pela presença marcante da palmeira Carnaúba (“Copernicia prunifera”), que lhe rendeu o apelido de “Terra dos Carnaubais”. Sua principal atração turística é o Açude Grande, hoje infelizmente bem poluído e maltratado.

Essa luta foi a mais violenta e única batalha sangrenta pela Independência do Brasil e pela consolidação do território nacional, e foi vencida pelos portugueses.

Seus principais líderes foram Leonardo Castelo Branco, José Pereira Filgueiras, Luis Rodrigues Chaves, Alexandre Nereu, João da Costa Alecrim e Tristão Gonçalves Alencar, cujos corpos estão enterrados no cemitério localizado atrás do monumento, em túmulos rústicos de pedra e cruz de madeira. As estatísticas mostram que houve entre brasileiros e portugueses um total de 200 mortos ou feridos e 542 prisioneiros.

Além da população do Piauí, maranhenses e cearenses participaram do levante popular contra as tropas lideradas pelo major João José da Cunha Fidié (veterano das guerras napoleônicas), que desejavam manter a região sob domínio português e sufocar os movimentos de independência. O embate pode ser visto como um dos momentos chave da adesão da província piauiense ao processo emancipatório brasileiro.

Os brasileiros lutaram com instrumentos simples, não com armas de guerra e não tinham experiência de guerra. Perderam a batalha, mas fizeram com que a tropa desviasse o seu destino.

A data não consta nos livros de História e poucos sabem do ocorrido, mesmo no Piauí, onde ocorreu a batalha. Contudo, após alguns movimentos por parte de políticos, de historiadores e da população, a data foi acrescida à bandeira do Piauí e está em curso a implantação do estudo da Batalha do Jenipapo na disciplina de História.

A história foi mais ou menos assim: Após a declaração da independência do Piauí feita a 19 de outubro de 1822, em Parnaíba, o comandante português reúne suas tropas e parte de Oeiras em direção à Parnaíba, a 13 de novembro, para combater os emancipacionistas brasileiros.

Fidié chega a Campo Maior e, no dia 13 de março de 1823, pela manhã, tem início a batalha entre suas tropas bem armadas e experientes e brasileiros sem treinamento militar, utilizando paus, pedras e outros materiais de pouco poder ofensivo. Devido a superioridade bélica, o que se viu à beira do Jenipapo foi um massacre.

Mesmo com a derrota do movimento popular, a Batalha do Jenipapo tornou-se decisiva para afastar o major Fidié do Piauí e consolidar a independência e a unidade territorial do Brasil. Enfraquecidas, as tropas fiéis à coroa seguiram para Caxias, no Maranhão, onde foram derrotadas por piauienses, maranhenses e cearenses, a 31 de julho de 1831.

Essa Batalha é um capítulo fundamental no processo de consolidação do território brasileiro e o 13 de março passou a ser estampada na bandeira do Piauí, a partir de 2005, após aprovação da Assembléia Legislativa daquele estado. Lá é feriado estadual.


Legenda das fotos:

1) Arte pictórica de Francisco Paz retratando o conflito;

2) Afresco patrocinado pela Prefeitura de Campo Maior;

3) Cemitério dos heróis da batalha localizada na parte de trás do Monumento da Batalha do Jenipapo.

Artigo publicado originalmente no site “Vivendocidade”, de Carlos Correa Filho (28/01/2015)

Autor: ematosinho

Eduardo Matosinho é economista e sociólogo com bacharelado pela Universidade de São Paulo (USP). Tem 59 anos e é casado com Luiza Maria da Silva Matosinho e com ela tem um filho de nome João Alexandre da Silva Matosinho. Trabalha atualmente na Galeria Pontes (https://www.galeriapontes.com.br/), onde já está há 17 anos.

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