A contraposição da magia e da religião nos pensadores clássicos

Em um curso na Sociologia da USP abordei esse tema em um papper cuja poesia a seguir abre esse trabalho. Mostro na introdução que a memorável obra universal de Dante Alighieri (1265-1321) “A divina comédia: o inferno”, que se tornou a base da língua italiana moderna, traz no final do seu Canto XX esse trecho poético, e que essa parte do poema épico mostra que na criação dantesca tanto Scott, como Bonatti, como Asdente ficaram confinados no oitavo e penúltimo círculo do inferno. E eles não eram nada mais do que astrólogos que praticavam algo entendido pelo poeta italiano como sendo “magia”, empregando em seu ofício imagens, ervas e malefício. Eis parte da contraposição…

“Chamou-se Eurypilo; nalguma parte
A minha alta Tragédia o assegura
(E, pois que a sabes, disso has de lembra-te).
Ess’ outro, que é tão fraco de figura
Miguel Scott se chamou: foi verdadeiro
Professor de magia e de impostura.
Olha Bonatti; e Asdente (o feiticeiro
Que tarde tem saudade do exercicio
Da sovéla e cerol de sapateiro);
E as tristes que de bruxas no ofício
Fizeram, desprezando agulha e roca,
Com imágens, com ervas, malefício.”

Dante Alighieri – A divina comédia: o inferno – Canto XX, página 191 (tradução de Domingos Ennes, 1947)

Autor: ematosinho

Eduardo Matosinho é economista e sociólogo com bacharelado pela Universidade de São Paulo (USP). Tem 59 anos e é casado com Luiza Maria da Silva Matosinho e com ela tem um filho de nome João Alexandre da Silva Matosinho. Trabalha atualmente na Galeria Pontes (https://www.galeriapontes.com.br/), onde já está há 17 anos.

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