Paisagem nº. 1

Minha Londres das neblinas finas!
Pleno verão. Os dez mil milhões de rosas paulistanas.
Há neve de perfumes no ar.
Faz frio, muito frio…
E a ironia das pernas das costureirinhas
parecidas com bailarinas…
O vento é como uma navalha
nas mãos dum espanhol. Arlequinal!…
Há duas horas queimou Sol.
Daqui a duas horas queima Sol.

Passa um São Bobo, cantando, sob os plátanos,
um tralálá… A guarda-cívica! Prisão!
Necessidade a prisão
para que haja civilização?
Meu coração sente-se muito triste…
Enquanto o cinzento das ruas arrepiadas
dialoga um lamento com o vento…

Meu coração sente-se muito alegre!
Este friozinho arrebitado
dá uma vontade de sorrir!

E sigo. E vou sentindo,
à inquieta alacridade da invernia,
como um gosto de lágrimas na boca…

Mário de Andrade (São Paulo, 9 de outubro de 1893 — São Paulo, 25 de fevereiro de 1945), In “Paulicéia Desvairada”

De “Estórias Paralelas” – Valdir Sarubbi

Selecionei um trecho de um conto chamado “Os Dias vazios”, escrito pelo artista paraense Valdir Sarubbi, que foi meu saudoso professor de pintura. Ele era um leitor muito dedicado e um profundo conhecedor de literatura. Na última fase de sua vida ele se empenhou em escrever memórias e contos. Neste trecho o personagem fala sobre sua amizade com o amigo poeta e de como ele era.

“Falava de minha vontade de ir morar em Belém e fugir daquela vida monótona à beira do rio Caeté. Mas o que eu queria fazer? No fundo, não imaginava. Eu era um insatisfeito que sabia fingir muito bem que estava satisfeito com tudo. Quem me visse sorrindo nas rodas de amigos ou nas reuniões de família mal podia imaginar o que me passava pela alma. E que eu não podia nem falar para meu melhor amigo, o poeta que se sentava comigo na Praça da Intendência.

Quando ele declamava naquelas noites de lua, ficava olhando seu rosto levemente iluminado pelo luar. Era um rosto expressivo mostrando a emoção que suas palavras transpareciam. Seus poemas falavam de amor, de saudade, da beleza da vida entremeada com a tristeza da morte. O poeta falava da vida, mas também vivia tão pouco quanto eu.

As moças gostavam de ouvir seus sonetos. Faziam roda e ele declamava cheio de ardor. Havia sempre uma ou outra lágrima nos olhos de alguma delas. E quando percebia, matizava os versos com sua linda voz. Era aplaudido. Mas nesses momentos era como se algo acontecesse com ele. Ficava calado, punha as mãos nos bolsos e lançava olhares desesperados em volta. E se alguma das moças se aproximava para conversar, saia de mansinho, se afastando para longe dali.”

Estórias paralelas, 1999, 140 páginas

Valdir Sarubbi (Bragança, Pará, 10 de outubro de 1939 – São Paulo, 8 de novembro de 2000)

Agman Duarte: Festa no quilombo, Brincadeira no pé de cacau e Pé de moleque

Agman Duarte Benvindo (@agmandesignarte) é designer de produto e escultor de Brasília, reside no extremo sul da Bahia (Prado) onde tem um ateliê. Estudou na Universidade de Brasília. Escultor especialista em madeira e tinta acrílica.

“Sou brasiliense, me formei em design de produto na Universidade de Brasília. A arte sempre esteve presente na minha vida. Com o pai pintor e escultor (Agadman), a mãe professora de artes e a mais rica educação artística que isso poderia resultar, nunca tive dúvidas que seria um criador.”

Agman Duarte

Comenta sobre seu pai (Agadman) dizendo que “Ele nasceu no Piauí, mas foi criança para Brasília, mais tarde foi para o Rio de Janeiro onde conheceu Burle Marx. No centro oeste expôs com Poteiro, Siron Franco e Galeno… E finalmente veio para o sul da Bahia onde construiu seu ateliê – que é um trabalho artístico em si…  Sempre viveu de arte e desenvolveu sua própria linguagem em diversas técnicas como desenho, escultura e entalhe em madeira sendo a pintura sua paixão e principal foco.”

Contatos:
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WhatsApp: (73) 9 9903-8245

A terceira margem da estrada: arte popular brasileira

É com muita alegria que convidamos para a abertura da exposição “A terceira margem da estrada: arte popular brasileira”, com curadoria de Renan Quevedo a convite da Galeria Luis Maluf @luis_maluf .

Renan Quevedo – Pesquisador, curador, palestrante e criador do Novos Para Nós (Pesquisa, mapeamento e divulgação de artistas populares)

Abertura: 3 de fevereiro, das 13h às 17h. Visita guiada com o curador às 13h.

Renan Quevedo lidera o projeto Novos Para Nós, uma jornada pelo Brasil em busca de artistas com o intuito de catalogar nomes para a herança da cultura popular e dar visibilidade a eles. O título da exposição é uma referência à obra “A Terceira Margem do Rio”, João de Guimarães Rosa, e estabelece um diálogo entre o conto e a produção de artistas como Chico da Silva, Mirian Inês, J.Borges e Véio.

Serviço: Galeria Luis Maluf – Rua Peixoto Gomide, 1.887, São Paulo – SP.
De 3/2 a 15/3.
Segunda a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados, das 11h às 17h.
Grátis.

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Tais Sarubi: Frida reeditada e Consequência

Tais Sarubi foi minha colega em fins dos anos 90 no curso de pintura ministrado em um Ateliê Livre por Valdir Sarubbi em sua residência localizada na Rua Albuquerque Lins, quase esquina com Rua Baronesa de Itu, São Paulo. Atualmente Tais produz, publica e vende seus trabalhos pictóricos na Casa Ateliê Terapêutica localizada no Guarujá, SP. Na imagem acima vemos em primeiro lugar a sua obra “Frida reeditada” e veja o que ela comenta sobre ela: “Há um ano publicamos a obra Frida, uma acrílica sobre papel paraná. Mais tarde, percebemos que o resultado pedia algo mais. A pintura foi retomada e acrescida de alguns detalhes, que caracterizaram definitivamente a intenção deste trabalho.” Em seguida vemos a sua outra pintura, criada por ela em novembro de 2022 e intitulada “Consequência”. Nela ela usa a técnica do giz pastel oleoso finalizado com acrílica.

Sobre a Casa Ateliê Terapêutica

A Casa Ateliê Terapêutica é um espaço de produção e promoção de arte autoral, baseada em duas áreas de trabalho: Mentoria artística e psicologia da arte.

A criação da Casa Ateliê Terapêutica é inspirada pela compreensão de que o fazer artístico é um caminho de transformação pessoal e de expressão da criatividade humana.

O ateliê de arte da Casa é uma oficina de construção da identidade artística; produção e comercialização de arte autoral, para todos aqueles que querem se expressar pela linguagem da arte.

O espaço terapêutico da Casa, por sua vez, é uma via de conhecimento pessoal e de projeção profissional, que propõe resultados de autonomia e saúde integral.

Endereço: Rua Montenegro, 18 – Sala 22, Guarujá, SP

Tais também ministra aulas de pintura e desenho. Veja o que ela diz sobre essa atividade: “O bacana é que fui procurada por uma moça para “aulas de pintura”. Fiz uma sessão de ateliê com ela e foi muito legal porque é uma pessoa aberta e pude usar o método que o Sarubbi (no Ateliê Livre de Valdir Sarubbi) usava com a gente. Me lembrei muito dele!”

Contatos:
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taissarubi@gmail.com
WhatsApp: (13) 9 8207-5711
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